"Elisabete Matos Isolda"

Tal como apareceu ontem no YouTube e captei hoje no blog dedicado a Elisabete Matos -- soprano portuguesa de alguma referência que desde 2008 não pisa os palcos de S. Carlos --, eis a cena final do "Liebestod" ("Mild und leise") de Tristão e Isolda, que cantou em Janeiro, em Oviedo.



Mas o que faz uma cantora desta qualidade numa sala destas que mais parece o Theatro Circo de Braga?! Trazer este material em 2013 é dos primeiros passos para levantar esta crise de ópera em Lisboa -- 'bora nessa, e depressa!

A ópera de Oviedo.

Capriccio | Met Live in HD

Capriccio foi a última ópera composta por Richard Strauss. Nesta "peça de conversação para música", debatem-se a importância das palavras e da música, e como estas concorrem entre si e com os demais factores que levam a arte ao público -- material interessantíssimo para debate neste blog!

Imagem publicitária da transmissão Live in HD.
A encenação de John Cox data de 1998. Convencionalmente, a acção deveria decorrer no século XVIII -- e aí se falaria de Gluck e de música que não se adequa às palavras --, mas a beleza dos cenários e dos figurinos consegue justificar a adequação da transposição temporal.
La Roche, Flamand e Olivier no início da discussão.
A interpretação de Renée Fleming foi extraordinária. Na última cena, via-se claramente a facilidade com que cantava, e penso que a graciosidade com que actuou como Condessa não deixou os (habituais) cépticos indiferentes.

"Kein andres, das mir so im Herzen loht, / Nein, Schöne, nichts auf dieser ganzen Erde,"
O trio dos artistas esteve à altura do espectáculo, mas sem deslumbrar. Por vezes, até fiquei com a sensação de que Flamand e La Roche estavam a ser bem "puxados" pelos técnicos de som. Como se escreve no blog "Fanáticos da Ópera", nem Olivier nem Flamand "impressionaram na expressão das suas paixões pela condessa".
Sarah Connolly fez bem o papel de Clairon, tendo constituído com o Conde (Morten Frank Larsen) uma dupla quer cenica, quer vocalmente interessante. Também os cantores italianos (?) foram muitíssimo bem interpretados por cantores de vozes bonitas e límpidas.

O octeto.
Ainda assim, fiquei com a impressão de que o espectáculo foi algo limitado pela direcção musical de pouco interesse.

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Thomas Hampson na Gulbenkian | 17 de Abril de 2011

Thomas Hampson e o maestro Jordan.
No programa B da digressão internacional da Mahler Jugendorchester que terminou ontem, em Itália, tocou-se, na primeira parte, o Adagio da sinfonia inacabada de Mahler.
Ao contrário do que tenho lido pelas críticas que a este concerto se fizeram na Internet, não gostei da forma como o maestro levou o andamento. Posso estar a escrever disparates, mas eu gostaria de ouvir o elemento surpresa da música, de viver aquelas exclamações e "tentativas de regresso" [Bernstein sobre o final da 9.ª], e não apenas de ouvir apenas as notas da partitura, com os metais a tocar, novamente, de forma inconveniente. Gostava de ouvir "o que está para além da música".

O tenor Burkhard Fritz, tendo um timbre adequado, nem sempre conseguiu projectar a voz "por cima" da orquestra.
O atraso desta crítica já se fez notar; e agora tenho mesmo de escrever porque, no sábado, baterá à porta um Capriccio que parece ser muito bom! Mas o que me motivará a criticar Thomas Hampson, cantando o seu Mahler? Eu, que procuro há mais de um ano a crítica destrutiva, pergunto-me: o que há aqui que eu possa destruir? A sensibilidade da interpretação d'A Canção da Terra, por Hampson, "corrigiu" em três canções as prestações menos interessantes (mas aceitáveis) do maestro e do tenor Burkhard Fritz. O último andamento foi de calar as tosses: e Abschied, sem encores.

Sala cheia, com Thomas Hampson na plateia, na primeira parte!

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Thomas Hampson na Gulbenkian | 16 de Abril de 2011

Hampson e Jordan em concerto no actual tour.
Sob a batuta do maestro suíço Philippe Jordan, esta noite, o grande barítono Thomas Hampson cantou as seguintes lieder de Mahler, compostas a partir poemas d’A Trompa Maravilhosa da Juventude:
Ich ging mit Lust durch eubeb grünen Wald
Ging' heut morgen übers Feld
Rheinlegendchen
Das irdische Leben
Wo die schönen Trompeten blasen
Lied des Verfolgten im Turm,
Apesar de ser um cantor que vai já caminhando pelo seu outono vocal, Hampson mantém o seu enorme carisma desde que entra no palco até ao encore (Wer hat dies Liedlein erdacht?), que deu no fim, dirigindo-se simpaticamente ao público, afirmando que é para ele um prazer estar de novo na FCG (que o recebeu com sala quase cheia -- wtf? -- com as tosses habituais).


A segunda parte foi só com o actual Director Musical da Ópera de Paris e a Mahler Jugendorchester, que tocaram a sinfonia Titã, de Mahler. Gostei da direcção musical de Jordan, mas o maestro não me convenceu nem com o som dos metais, que me pareceu quase impertinente no primeiro andamento, nem com os tempi do terceiro, que devem evoluir para " wie eine Volksweise" ("como uma canção popular") -- muito mais simples e eficaz, penso eu.

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Exposição: "Expo/ TNSC: A prospectus archive", de Paulo Catrica

Resultante de uma parceria entre a Fundação EDP e o TNSC, foi inaugurada anteontem, no Museu da Electricidade, a segunda parte de um ciclo expositivo acerca do TNSC. Tendo já ido à primeira parte, o Plácido Zacarias não resistiu a voltar ao ataque.


Desta vez, no mesmo espaço, foram expostas 21 fotografias, incluindo o auditório visto do centro do palco, a "sala das costureiras, o camarim do maestro, velhas oficinas e carpintarias", etc. (Fonte.) Há um objectivo muito mais claro do que as sábias reflexões de autor-umbigo do texto que acompanhava a primeira exposição. A ideia é que o Teatro Nacional de São Carlos é um espaço antigo, repleto de pormenores associados a histórias incontáveis. Tenta-se, então, fazer um levantamento fotográfico desse "teatro que existe dentro do teatro" [wtf?]. Ideia interessantíssima, não fosse o número de fotografias ser um recorde para um teatro inteiro... Entre as 21 fotografias, havia algumas muito interessantes -- e que decerto teriam muito para contar!

Eu estive aqui uma vez, em visita guiada, e não cheguei a perceber o que isto era.
Quem estiver com muita vontade de ir aos pastéis, aproveite e passe pelo Museu da Electricidade. A exposição está patente até 22 de Maio e a entrada é gratuita. Além disso, pode sempre aproveitar para visitar as outras exposições.

Principal imagem publicitária.