Waltraud Meier na Gulbenkian: Träume, Träume... (crítica)



“Começou a carreira em 1976… já não é nada nova!”, diziam uns espectadores que estavam sentados ao lado do P.Z. hoje à noite. E realmente este cliché era uma preocupação inevitável. Aliás, ao escrever sobre Waltraud Meier há dias, o P.Z. hesitou entre escrever “uma das principais intérpretes wagnerianas actuais” ou “uma das principais intérpretes wagnerianas dos anos 90”. Em todo o caso, independentemente de estar em fim de carreira, Meier apresentou uma interpretação profunda e sofisticada das Wesendonck lieder de Wagner. A atenção que a meio-soprano atribui às nuances do texto é notável, atribuindo destaque a estas curtas peças que representam a vertente mais emocional da obra wagneriana. Sem prejuízo, claro, das reflexões mais profundas subjacentes a Stehe still! e Schmerzen, que ainda assim não têm a dimensão filosófica e dramática que pauta os grandes trabalhos de Wagner. As Wesendonck lieder são, por isso, um curto consolo e  um raro prazer para wagnerianos

É inevitável comparar o estilo de abordagem a lieder de Meier ao da grande Elisabeth Schwarzkopf, embora seja clara a distinção dos timbres, onde o tom mais escuro que caracteriza esta fase da carreira de Meier constitui vantagem para o ambiente melancólico de Im Treibhaus e aprofunda a vertente quase hipnótica e sonhadora de Der Engel e Träume. Naturalmente para encher chouriço e atrair os habitués de assinatura para um programa mais composto, o programa começou com o prelúdio do Lohengrin de Wagner e finalizou com a terceira sinfonia de Bruckner (trabalho dedicado a Wagner). Honestamente, o P.Z. só estava interessado nas Wesendonck lieder e foi-se embora no intervalo: já valeu bem a pena e amanhã lá estará novamente. Que pena o programa ser tão curto!

★★★★

2 comentários:

  1. José Manuel Carvalho4 de março de 2016 às 16:54

    Ai, P. Z.;, P.Z., concordo completamente consigo. Tive a sorte de ver a Meier ao vivo, quando se esteiou em Bayreuth,em 1983, na Kundry do Parsifal: que voz! Que técnica! Que preszença em Palco!
    Não me fui embora ontem, mas fiz mal: depois das Wesendonk, não se consegue ouvir mais nada.
    Um abraço e continue a postar coisas interessantes.

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  2. Não tive possibilidade de assistir, com grande pena minha. Apesar de em fim de carreira, é uma das minhas cantoras preferidas, sobretudo em Wagner. Espero que o segundo dia tenha sido ainda mais reconfortante que o primeiro.

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